UNIVERSIDADE FEDERAL
DO PARÁ
INSTITUTO DE
FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE HISTÓRIA
DICIPLINA: ESTÁGIO
SUPERVISIONADO I
PROFª.DRª.:
WILMA DE NAZARÉ BAÍA COELHO
PROJETO
DE PESQUISA
Parauapebas, outubro 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO PARÁ
INSTITUTO DE
FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE HISTÓRIA
DICIPLINA: ESTÁGIO
SUPERVISIONADO I
PROFª.DR. WILMA BAÍA COELHO
ACADÊMICOS: LUÍS DA SILVA PEREIRA E MANOEL OLIVEIRA
DA SILVA
SEGUNDA
AVALIAÇÃO Projeto realizado para a disciplina de Estágio Supervisionado
I, sob a orientação da Profª.drª. Wilma Baía Coelho.
Parauapebas, outubro 2009
SUMÁRIO
|
|
1
DEFINIÇÃO DO TEMA....................................................................................................4 |
2
OBJETO...............................................................................................................................4 |
3 INTRODUÇÃO...................................................................................................................4 |
4
JUSTIFICATIVA................................................................................................................5 |
5
PROBLEMÁTICA..............................................................................................................6 |
6
OBJETIVOS........................................................................................................................6 |
7
DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................6 |
8
CRONOGRAMA...............................................................................................................10 |
9
REFERÊNCIAS.................................................................................................................11 |
1. DEFINIÇÃO DO TEMA
Agente escolar: transposição
didática
2. OBJE TO
A transposição didática do professor de história de 5ª e 6ª
séries da Escola Municipal de Ensino Fundamental Eldorado.
3. INTRODUÇÃO
Pretende-se com essa pesquisa, fazer
uma análise de cunho crítico metodológico do ensino de História de 5ª e 6ª
séries da Escola Eldorado. Visto que, o conhecimento histórico, como área
científica tem influenciado o ensino e afetado os conteúdos e os métodos
tradicionais de aprendizagem. (PCN, H-G. p.31) – buscaremos levantar
informações de como esse conhecimento histórico está sendo transmitido aos alunos,
verificando a transposição didática dos professores, uma vez que, os processos
transpositivos didáticos - e, mais genericamente, institucionais – são “a mola
essencial da vida dos saberes, de sua disseminação e de sua funcionalidade
adequada”. (Chevallard, 1991, p. 214 - In Marta Marandino - A pesquisa educacional e a produção de
saberes nos museus de ciências, p. 165).
Segundo o autor, sem esse processo não se consegue fazer aflorar um bom
nível de conhecimento. A negligência na produção da transposição didática pode
soar como fator criminoso no processo de produção do saber escolar. A compreensão dos mecanismos
socio-culturais e pedagógicos que entram em jogo no processo de construção dos
saberes históricos escolares torna-se cada vez mais indispensável quando se
trata de analisar e avaliar o ensino desta disciplina.
No bojo da discussão das mudanças do
modo de trabalhar história em sala de aula, vemos que a cadeia de transposição
didática implicada (Chevallard, 1986) envolve diferentes profissionais com
competências distintas. Dentro da instituição escolar, a colocação em prática dos princípios
idealizados e prescritos por outras esferas é, porém, atribuída
prioritariamente ao professor. É necessário estar bastante consciente de que
trabalhar História impõe um alto nível de exigência ao profissional professor.
De um rol de conteúdos isolados, aprendidos pela repetição oral e memorização
dos textos escritos, que era, segundo os parâmetros curriculares nacionais, a
forma de ensinar história, (PCN, vl 5, p. 21) o professor deve ensinar práticas
variadas de produção e compreensão de gêneros orais e escritos, tais como se
dão no espaço extra escolar, e que esse mestre promova situações de analise e
reflexão sobre seu objeto de estudo.
O reconhecimento e a compreensão dessas
duas dimensões do saber escolar - científico e escolar - tornam-se, pois,
fundamentais para se repensar certos desafios que se colocam hoje para o ensino
de história, em particular os que se referem às questões relativas às propostas
inovadoras contidas nas reformas curriculares, bem como a sua recepção pelos
professores.
4.
JUSTIFICATIVA
A questão da transposição do
conhecimento nos diferentes espaços tem sido analisada por vários autores nos
campos da educação e do ensino da ciência (Marandino – 2005). Em face desses
acontecimentos percebemos uma necessidade de observarmos como se dá a
construção do conhecimento histórico na escola eldorado nas turmas de história
de 5ª e 6ª
séries, para tanto observaremos a transposição didática feita pelos professores
nesse campo de conhecimento científico para a compreensão do processo do saber
ocorrido nas referidas séries.
Com essa pesquisa pretende-se
verificar como o saber científico está sendo transformado em saber escolar, e
como se dá essa transformação e sua transmissão a seu público alvo.
Não é objetivo dessa pesquisa,
conhecer a história como disciplina escolar, mas sim identificar as possíveis
deficiências existentes na construção desse conhecimento.
5. PROBLEMÁTICA
Os professores de 5ª e 6ª séries da Escola Eldorado estão
aptos a fazer a transposição didática de maneira adequada, que possa suprir as
necessidades e realidades dos alunos? Estariam os professores da referida escola, despidos do
arcaísmo e sintonizados com os métodos atualizados para a transmissão do
conhecimento histórico? Ou revertidos de um tradicionalismo que não os
permitam a absorver o novo? Ou a formação
tanto inicial como contínua inadequada, ou obsoleta, não permitiria a absorção
das mudanças propostas?
6. OBJETIVOS:
Geral:
ü
Analisar a transposição didática do professor de
história de 5ª e 6ª séries da Escola eldorado.
Específico:
ü
Demonstrar o processo de transmissão do
conhecimento do professor;
ü
Evidenciar a capacidade que o professor tem na
identificação da problemática envolvida no seu fazer pedagógico;
ü
Constatar que para a educação ser de qualidade é
necessário que o educador esteja em constante capacitação.
7. DESENVOLVIMENTO
O termo transposição implica no
reconhecimento da diferenciação entre saber acadêmico e saber escolar,
considerados como saberes específicos de natureza e funções sociais distintas,
nem sempre evidentes nas análises sobre a dimensão cognitiva do processo de ensino
aprendizagem. Uma breve análise das propostas curriculares de história que
surgiram a partir da década de 80 permite perceber que a tendência é a
existência da lógica que afirma a necessidade de aproximar os saberes ensinados
na escola com novas historiografias de forma automática (Carmem Teresa Gabriel,
Usos e abusos do conceito de transposição
didática).
Chevallard defende a tese de que
transposição didática é a condição essencial imposta pelos imperativos
didáticos ao elemento saber, consiste na sua transformação para que ele possa
se tornar apto a ser ensinado. O conceito de transposição didática surge assim
para mostrar, ou explicar esse processo obrigatório da transformação dos
saberes científicos. Há um distanciamento dos saberes, e a transposição vem
justamente para nos fazer ver esse distanciamento e nunca minimizá-lo. Para
Chevallard, os processos transpositivos didáticos são essenciais para estes
saberes, a manipulação transpositiva é condição fundamental para o
funcionamento da sociedade.
Na visão de Chevallard, as transformações que os
saberes sofrem no âmbito de ensino são de grande relevância na transformação do
conhecimento científico com fins de ensino e divulgação, não constitui simples
“adaptação” de conhecimento. Marandino ao citar Chevallard diz que um dos
aspectos mais interessantes da teoria da transposição didática, segundo ele,
foi a determinação de alguns parâmetros que caracterizaram este processo. De
acordo com o autor, na transformação do saber sábio para o saber ensinado
ocorrem:
a) Descontemporalização – é quando o saber ensinado é exilado de sua origem e
separado de sua produção histórica na esfera do saber sábio.
Em outras
palavras, o saber ensinado é abstraído do saber sábio e se torna objeto de ensino
para o educando. Isso tudo, segundo Chevallard, se dá na noosfera, que é o
lugar onde acontece esse processo de transformação do saber sábio para o saber
escolar.
b) Naturalização – o saber ensinado possui uma evidência incontestável das
‘coisas naturais’, no sentido de uma natureza dada; ou seja, o objeto de
conhecimento perde sua característica científica, com a finalidade da absorção
desse saber, agora modificado, para que os educando possam assimilar com mais
facilidade seu conteúdo;
c)
Descontextualização – aqui, o saber sábio é tirado
do seu contexto e, em seguida recontextualizado, mas de maneira diferente;
assim, nesse processo de descontextualização, alguma coisa continua fora do
contexto, pois já não se identifica com o texto científico, com aquela rede de
questões e problemas como no original. Fica então modificado seu sentido
original;
d)
Despersonalização – nesse processo de
despersonalização, Chevallard enfatiza que todo saber é identificado com seu
autor, quando esse saber é compartilhado, segundo ele, este saber deixa de ser
personalizado, passa a ser um conhecimento social e um requisito para sua
publicidade.
Develay (1987), em seu trabalho sobre
transposição didática do conceito de memória, recorre aos parâmetros de
Chevallard, mas chama a atenção para outros. Além da despersonalização, destaca
a ‘dessincretização’ – que redunda na divisão entre a prática teórica e aquela
ensinada, a qual não revela, por exemplo, a interdisciplinaridade existente na
produção da ciência -, e a ‘programação da aquisição do saber’-correspondente
ao controle exercido pela seriação progressiva no ensino. (Marandino, A pesquisa educacional, p.171).
Quando o saber é transformado em saber
escolar, segundo Chevallard, um novo saber é produzido e isso indica que no
espaço escolar, existe produção de conhecimento, desmistificando assim, a idéia
de que produção de conhecimento só se dá em instituições de pesquisa e nas
universidades.
Com base nos fatores acima
mencionados, buscaremos nesse trabalho observar como ocorre a transposição
didática dos professores de historia de 5ª e 6ª séries da
Escola Eldorado.
A pesquisa que faremos terá uma
abordagem metodológica verificando abertamente a maneira pela qual o
conhecimento é transmitido aos alunos. O ensino de História é um processo em
contínua transformação e adaptação à realidade dos educando e da sociedade como
um todo. Nesse processo, é indispensável que o professor acompanhe as
transformações e procure continuamente se adaptar às novas demandas do ensino.
Para isso o professor deve procurar desenvolver novas competências para ensinar.
Fatores como a falta de formação do
professor de História favorece em muito a deficiência do ensino e o da
aprendizagem, haja visto que ele não possui embasamento teórico (que favoreça a
prática mais acentuada e eficaz), por conseguinte lhe falta estímulo para
inserir dentro da sala de aula o hábito de levar o aluno a pensar, refletir e
formular conceitos e problemáticas.
É fundamental para o estudante que
está começando a ler o mundo humano, conhecer a diversidade de ambientes,
habitações, modos de vida, estilos de arte ou formas de organização de
trabalho, para compreender de modo mais crítico a sua própria época e o espaço
em seu contorno (PCN, H – G, p. 91). Cabe ao professor, providenciar o ambiente
propício para que o aluno possa desenvolver seu potencial cognitivo de maneira
que seja capaz de dialogar com o mundo ao seu redor, (...) assim, além de
identificarem significações pessoais para as atividades, os alunos podem
enxergar a si mesmos como sujeitos participativos e compromissados com a
História e com as realidades presente e futura (PCN, H-G, p. 95).
É necessário que seja criada uma
postura de tomada de consciência do progresso científico, da visão de uma
sociedade onde se valorize a dignidade da pessoa enquanto agente de
transformação. Essa postura tem em primeiro plano, que partir do cume da
estrutura educacional. A educação escolar só poderá se tornar eficiente quando ela
for valorizada, quando houver a percepção de que o educador, a sala de aula e
os alunos são partes de uma mesma equação. Há dificuldades dos responsáveis a
nível de escola (diretor, professores, orientadores, supervisores), em elaborar
um planejamento integrado que contenha objetivos, atividades significativas e a
formulação de projetos integrados, respeitando a individualidade do aluno e seu
potencial.
Os professores, em sua maioria, devido à
escassez de tempo por ter que assumirem mais de um emprego, ficam às vezes sem
oportunidades de atualização e aprimoramento e até uma aproximação mais
específica com seus alunos. Em contato com a realidade educacional, ainda
encontramos uma grande parte de educadores voltados para um ensino e
aprendizagem artificiais, abstratos e não condizentes com a realidade que
envolve o aluno. O nosso compromisso, como alunos do curso de História, é
grande, e para tal depositamos nossa confiança nos educadores e nos acadêmicos
que são os verdadeiros agentes de mudança.
Nessa perspectiva, é fundamental que
assumamos nossas responsabilidades, sem esperar que as esferas administrativas
superiores tomem essa iniciativa. A melhoria da qualidade da formação
profissional e a valorização do trabalho pedagógico requerem a forte
articulação entre instituições formadoras. A formação profissional consciente e
crítica implicam, também, na indissociabilidade entre a formação inicial e a
formação continuada.
A transformação das práticas de ensino
de história merece uma atenção maior por parte dos que fazem e discutem as
políticas de formação e atuação dos profissionais. Parece-nos inegável a
complexificação daquela tarefa docente, em função das reconceituações sobre história
e seu ensino que vivemos nos últimos anos. Por um lado, as expectativas sociais
em torno da ação docente tornaram-se muito mais exigentes, pois é necessário se
pensar uma escola que queira formar cidadãos pensantes, e não somente pessoas “papagaios”,
que somente são capazes de repetir aquilo que memorizou através dos métodos
antigos de se ensinar história. Por outro lado, este fazer pedagógico, pressupõe não apenas desenvolver em sala de aula
debates orais que permitam a expressão do educando, sua conscientização sobre
processos sociais e humanos. A proposta é vislumbrar o lugar da construção que,
em outras palavras, é o lugar da criatividade, um dos passos mais
revolucionários que um professor pode dar.
Educar não é uma mera transferência de
conhecimentos, mas sim conscientização e testemunho de vida, senão não terá
eficácia (PAULO FREIRE, 1997). Igualmente, para ele, educar é como viver, exige
a consciência do inacabado porque a “História em que me faço com os outros
(...) é um tempo de possibilidades e não de determinismo” (p.58).No entanto,
tempo de possibilidades condicionadas pela herança do genético, social,
cultural e histórico que faz dos homens e das mulheres seres responsáveis,
sobretudo quando a “decência pode ser negada e a liberdade ofendida e recusada”
(p.62). Segundo Freire, “o educador que ‘castra’ a curiosidade do educando em
nome da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a
liberdade do educando, e a sua capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica”
(p.63).
É preciso deixar o aluno buscar
respostas para suas inquietações, não devemos dar-lhe o peixe, mas sim, a
possibilidade de pescá-lo. Eu iria mais longe ainda, e diria que devemos
dar-lhe apenas uma vara de pescar e deixá-lo à vontade para pegar seus próprios
peixes. A escola deve trabalhar o processo de transformação do conhecimento de
modo a não deixar que o educando se torne um ser incapacitado de raciocinar por
si só. Freire continua dizendo que não devemos desrespeitar a autonomia a
dignidade e identidade do aluno, caso contrário, o ensino tornar-se-á
“inautêntico, palavreado vazio e inoperante” (p.69).
A despeito de tudo que até aqui foi
mencionado, ressaltamos que a nossa pretensão é de fazer uma pesquisa a
respeito de como está sendo realizada a transposição didática (transformação do
saber científico em saber escolar), na disciplina de História nas turmas de 5ª
e 6ª
séries na Escola Eldorado. Não pretendemos com isso mudar a maneira pela qual
os profissionais da educação estão se utilizando, em suas práticas pedagógicas,
porém, é de muita relevância descobrir se os métodos pelos quais essa
transmissão de conhecimento está sendo realizada possuem conectivo com aquilo
que se quer alcançar.
Pois como já sabemos, a transposição
didática é sem dúvida uma maneira muito eficaz de se transmitir o conhecimento
histórico aos educando.
8. CRONOGRAMA
Esse trabalho contará com uma pesquisa
de campo em educação com carga horária de 62 h de observação em sala de aula.
Usaremos como recursos didáticos para a pesquisa apenas caneta e caderno para
anotações daquilo que julgarmos importante, ou que tenha alguma relevância para
o nosso objeto de pesquisa, que se iniciará no dia 19 de outubro
ao dia 30 de novembro de 2009. Serão observadas as turmas de 5ª e 6ª series nas
aulas de história, nos turnos manhã e tarde.
Observação no local da pesquisa |
De19/10 a 30/11/2009 |
Manhã |
Tarde |
9. REFERÊNCIAS
MARANDINO, Marta.: A pesquisa
educacional e a produção de saberes nos museus de ciência. História, Ciências,
Saúde – Manguinhos, v. 12 (suplementos), p. 161- 81, 2005.
MARANDINO,
Marta.: Transposição ou recontextualização? Sobre a produção de saberes na educação em museus de
ciências-Revista Brasileira de Educação Nº. 26, 2004.
FREIRE, Paulo.
Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz
e Terra, 1997-p. 165.
SCHMIDT, Maria
Auxiliadora M. Santos. História com Pedagogia: a contribuição de Jonathas
Serrano na construção do código disciplinar da História no Brasil. In. Revista
Brasileira de História. Produção e divulgação de saberes históricos e
pedagógicos. São Paulo: ANPUH/FAPESP, n. 48, agosto/2004 a julho/2005,
pp.189-212.
Parâmetros
Curriculares Nacionais: história, geografia/Secretaria de Educação
fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.
GABRIEL, Carmen Teresa. Usos e abusos do
conceito de transposição didática.
PERRENOUD,
Philippe. O ensino da história e as
novas competências para ensinar. 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário